domingo, 7 de setembro de 2008

Sou velha...

São 3h da manhã. Tô desmaiando de sono, mas preciso muito aproveitar a istiga e a eletricidade das quais estou acometida no momento pra escrever o que eu passei a noite inteira pensando.

Passei minha noite de sábado numa boate psy-tuntz-tuntz-bate-estaca-trance. Acho que esses lugares pra mim são verdadeiros laboratórios experimentais de psicologia, porque eu me divirto analisando comportamentos. Eu sei que toda análise minha será muito vaga e mais pessoal do que científica, porque convenhamos que no 3º semestre de um curso vc ainda não sabe nada. Mas hoje eu fiz dezenas de observações, fiquei espantada com minha capacidade crítica!

As pessoas vão pra esses lugares com um intuito: pode ser o bom e velho "se pegar", pode ser uma necessidade de se exibir, pode ser por falta de programa melhor, pode ser pra simplesmente se divertir. Ok. Mas eu acho no mínimo hostil a forma como as coisas acontecem nessas boates. A maioria dos homens nesse tipo de boate passam "examinando" as mulheres, vendo se aquela é gostosa/sexy/bonita/bêbada o suficiente pra ele. É impressionante. Eles saem catando, observando, até acharem uma que preencha temporariamente os pré-requisitos que completem o vazio da sua vida amorosa. Eu estava lá dançando, quando observo que havia uma menina se esbarrando muito em mim. Ela dançava loucamente, até aí tudo bem. Eis que chega junto dela um desses "observadores", e ele começa com sutileza a dançar com ela. Daqui a pouco ele começa a se engraçar, tenta algo a mais, ela se esquiva e sai de perto. Ele desiste dela, parte pra outra. Maaaas... Pro meu espanto, ela não gosta de saber que foi trocada, e vai atrás dele. Dança pra ele, olhando pra ele, pegando nele... ele se anima, tenta de novo... e ela sai! hahahahahaha! Chegava a ser engraçado! Mas, apesar de engraçado, era triste. Aquela coisa bem "Eu não te quero, mas você não pode querer ninguém além de mim". Graças a momentos assim, esse tipo de ambiente soa pra mim como um mero salvador de auto-estima pra algumas pessoas. E quem adora pode me odiar pra sempre, a minha opinião se mantém.

Eu sou velha demais pra essas coisas. Mentalmente velha. Não consigo acompanhar esse ritmo frenético e essa liquidez da minha geração. Não sei se é velhice ou se é uma questão de estilo de vida, meta, valores. Eu acho que todo ser humano tem algo a acrescentar pro outro... e acho que esse acréscimo é sempre dado através de várias coisas, mas fundamentalmente através do diálogo. Acho um desperdício passar 4 horas da minha vida numa boate dançando, sem interagir verbalmente de forma interessante com ninguém. Consigo me divertir muito mais trocando idéias numa cafeteria, num barzinho ou no playground do meu prédio - não pelo ambiente, mas pela TROCA. Não há troca em boate, a não ser de saliva e outros substratos orgânicos. Se há troca de diálogos que acrescentem, alguém me conte, porque eu desconheço.

Diante disso tudo, só sei de uma coisa: Tô fedendo a cigarro alheio. Vou tomar banho.

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