segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Prolixidades Políticas...

É madrugada. Amanhã eu tenho que acordar cedo pra levar meus avós ao médico, mas não resisti quando vi na internet que às 22h30 haveria um debate entre os candidatos à prefeitura de Salvador na Tv Aratu. Assisti a ele inteirinho, fiz algumas muitas anotações e não poderia ir dormir sem colocar aqui minha manifestação singela de indiferença a toda essa bagunça política em que estamos. Não vou citar nomes porque meu blog é de conteúdo particular. Falar de política dando nome aos bois aqui tornaria o espaço dos comentários uma verdadeira arena romana, porque manifestações de todo tipo iriam acontecer... portanto, política e religião são coisas que eu não costumo discutir de forma expositiva, sobretudo num espaço de domínio e visitação pública como a internet.

Eu adoro debates, de todos os tipos. Quando eu fazia Relações Internacionais, debates políticos eram os meus prediletos. Todo mundo se exaltava, defendia um ponto de vista e eu não ficava de fora. Adorava lutar por minhas "causas", defender pontos de vista que nem eram propriamente meus, eram oriundos de pré-concepções obtidas através de meus pais. Beleza. Um dia, meu amado pai me ensinou que "o silêncio é sábio", e após tomar na cara algumas vezes, interiorizei esse conceito. Parei de debater, mas continuei gostando de assistir. Cresci e adquiri visões políticas próprias, algumas erroneamente baseadas na minha crença no ser humano - foi pela voz mansa, pelo discurso humilde e pela cara de bonzinho que eu votei em vocês-sabem-quem em 2004, por exemplo, e deu na merda que deu.

Hoje, com mais consciência crítica e menos fé nas pessoas, eu me posiciono de forma indiferente. Se a campanha do governo federal pra institucionalização do voto consciente não fosse tão latente, se Lavínia Vlasak não estivesse de barrigão insistindo tanto na tv, eu votaria nulo, porque sinceramente não vejo ninguém que mereça nem minha credibilidade nem minha disponibilidade de acordar num domingo pra pegar fila e votar. Mas como ela diz o tempo todo, "o meu voto faz a diferença", então tenho que escolher o menos pior e votar. Soa como discurso de gente sem personalidade, eu sei. Discurso de gente que não toma partido. Na verdade é mais uma auto-preservação em relação à minha descrença generalizada, porque se eu tinha uma opção formulada antes, nesse debate de hoje ela bateu asas e voou.

O que eu vi hoje foi um excesso de discursos metódicos, prolixos, repetitivos. Na verdade, o que mais teve em 2h30 de debate foi troca de farpas e acusações. Confesso, dei risada a noite inteira, porque as ofensas, algumas propostas e as perguntas que os candidatos faziam entre si beiravam o ridículo. Coisas como "somos de esquerda-socialista e vamos banir o 'predador card', vamos fazer uma política de referendo popular. Eu subi de 1 para 3% nas pesquisas porque o povo está tomando consciência de que Salvador está entregue aos grandes empresários" não colam comigo. O aumento no índice foi por causa da penetração osmótica do jingle, todo mundo sabe disso. É tão engraçadinho que virou o toque do meu celular. Também não rola de acreditar que a cidade está "um grande canteiro de obras... temos banhos de luz, de asfalto, o metrô está chegando e criamos o Samu 192"... A conversa do "sou do partido do presidente e do governador, por isso vou trazer mais verba pro município" não cola, porque todo mundo sabe que por lei a verba do governo federal cai diretamente na conta do município, sem importar coligações partidárias. Parei até mesmo de acreditar no "eu fui eleito por 3 vezes o melhor prefeito do Brasil, deixei um caixa de R$ 55.370.000,00 na gestão anterior e criei 100 postos de saúde". E nem deixem eu comentar sobre o "Big Brother Bairro"...

É tudo igual. Não vou nem mencionar os candidatos a vereador, porque são 880 que preenchem o pré-requisito mínimo pra concorrer: ter ensino fundamental completo! É absurdo ver que um gari precisa ter melhores qualificações (leia-se "segundo grau completo") do que um gestor municipal pra se empregar. Aposto que nem 5% desses candidatos tem consciência política e ideológica suficientes pra querer mudar essa cidade. Nota-se a "seriedade" deles, inclusive, ao assistirmos o horário eleitoral... seus "nomes" e "propostas" beiram o inaceitável - vide Leo Kret, Papai Noel, dentre outros absurdos.

Diante disso tudo, estou a cada dia mais desiludida. E ainda vou ter que assistir a muitos debates repetitivos pra reformular e consolidar uma opinião, de modo a não jogar meu voto precioso no lixo. Enquanto isso, eu vou me divertindo... porque convenhamos... horário político pelo menos serve pra fazer rir!

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