quinta-feira, 23 de abril de 2009

Revivals...

Todo mundo sabe que eu tô com saudade do meu intercâmbio, e quanto mais fotos eu vejo e mais coisas eu lembro, mais triste fico. Ponto. Já falei tanto disso aqui, já postei tanta coisa a respeito, que eu aposto que se fizer uma sabatina sobre minha rotina em Great Barrington, todos vocês sabem responder. Mas sei lá. Eu tava aqui fuçando os rascunhos que eu escrevo e não posto, e achei isso... um post que eu fiz [mas nao enviei] no dia em que eu estava indo embora de lá, 12 de fevereiro desse ano. Mooorta de triste... que obviamente não vai tocar o coração de ninguém aqui, mas dane-se, merece ser postado porque EU TO COM SAUDADE.



É muito esquisito ver como as coisas se processam na vida. Eu não queria vir pra cá, no início me mantive sob uma perspectiva de repulsa maior do que eu. Repulsa a tudo: Great Barrington, Rentals, Butternut, casa mal assombrada, pessoas de casa. No início eu daria meu mundo pra voltar, no início eu chorava praticamente todos os dias. No início eu tinha em mim a certeza de que as pessoas aqui eram extremamente simpáticas, de que o clima seria sempre suportável e de que pelo menos o convívio aqui seria no mínimo pacífico. Ao longo do tempo, fui aprendendo que algumas pessoas não são confiáveis, que o clima dos -27ºC se tornou insuportável e que o Rentals continuava um inferno. A rotina era algo quase intragável, a impossibilidade e a inacessibilidade me faziam querer desistir a todo o tempo. Esfriei, congelei meu coração junto com os -27, durante um bom tempo não me importei com sentimentos e afins que qualquer pessoa desse país demonstrasse, porque o que importava era apenas quem tinha ficado na minha terra. Arrumaram brigas por mim, brigas em que eu nunca sequer me envolvi, mas que me fizeram ser uma pessoa odiada. Ao longo do tempo eu aprendi que a simpatia excessiva dos nativos é, na verdade, falsidade. Mas, ao longo do tempo, tudo muda. Ok, tudo muda, menos o fato de que o Rentals é um inferno. Ao longo do tempo eu aprendi a viver aqui. Aprendi a me defender, aprendi a ver, ouvir e calar. Aprendi que a rotina estressante e o banheiro nojento podem se tornar divertidos quando você tem por perto pessoas que tornam seus dias mais felizes. Aprendi que tudo tem mesmo seu tempo e sua hora, e que Deus escreve certo por linhas tortas - afinal, do mesmo jeito que eu não movi uma palha pra briga acontecer, não movi uma palha pra que ela se resolvesse - e se resolveu. Aprendi a ver mais beleza nas pessoas, a captar mais ainda a essência delas. Aprendi a trabalhar, realmente, e aprendi a aprender. Aprendi que meus atos tem consequencias não so pra mim, mas também pros outros, e aprendi a ter humildade suficiente pra reconhecer meus erros e fazer o certo (e o melhor) da proxima vez. Aprendi muita coisa sobre mim mesma, me surpreendi positivamente em ver que eu REALMENTE me empenho pra ser a melhor no que eu puder fazer. Aprendi que tratar as pessoas bem faz diferença em tudo, pra tudo. Enfim... hoje eu estou indo embora... escrevendo com os olhos cheios de tristeza daqui do Employees Room, no Club House de Butternut... ansiosa por quem me espera por lá, porém com o coração partido por saber que em algumas horas eu vou perder o convívio com pessoas que provavelmente nunca mais verei. Tudo na vida tem um preço, um início, meio e fim... e hoje, 3 meses depois, eu digo aqui que voltaria atrás e viveria TUDO novamente.

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