quarta-feira, 8 de julho de 2009

O respeito à personalidade.


Seres humanos tendem naturalmente a julgar pela aparência. É errado, mas é quase que instintivo. A partir do que vêem, lançam as farpas que acham convenientes e condizentes com o que estão vendo, sem se preocupar muito com a veracidade das farpas e as peculiaridades por trás do que está sendo superficialmente visto.

Eu não me excluo disso. Seria muita hipocrisia da minha parte dizer que me predisponho a conhecer a fundo antes de criticar. Michael Jackson morreu, por exemplo. Até 1 mês atrás, ele era pra mim nada além de um suposto pedófilo com músicas muito boas, mas com problemas de saúde e uma necessidade inexplicável de alcançar uma perfeição nasal inatingível. Mas quando você passa a ler a respeito, quando a pessoa deixa de ter aquele estereótipo fixado e passa a ter seus feitos realmente relevantes expostos, quando a pessoa se torna um SER HUMANO com filhos que fazem discursos emocionados no seu velório, você acaba adquirindo outro respeito por ela.

Vou falar dela porque não tem jeito. Muita gente não gosta, mas é uma verdade. Stefhany. Novinha, fora dos padrões convencionais de beleza, nordestina, pobre. Só aí já tem os pré-requisitos pra ser segregada sem esforço algum, mas piora. Fez um clipe meia-boca num interior, dirigindo um Crossfox emprestado e cantando sua recuperação de auto-estima depois de um pé na bunda. A grosso modo, é um contexto naturalmente ridículo. E ela, assim como muitos, foi julgada pela superficialidade do olhar que tivemos ao ver toda a tosquice do clipe. Quando Stefhany foi no Caldeirão do Huck há umas 3 semanas, ganhou respeito e cuspiu na cara de muita gente. Foi só ela abrir a boca pra outra coisa além de cantar - falar, narrar a trajetória sofrida de vida e a NECESSIDADE que a fez se prestar a pagar 4.500 reais suados pra fazer um clipe tosco, na tentativa de melhorar a vida da família. Foi ela abrir a boca pra mostrar que é uma menina sem pai, tão ingênua que beira a criancice, com fragilidades e susceptibilidades, que é tão humana quanto todo mundo aqui e que a vida não é fácil pra ela, como não é pra ninguém, que parte do país se curvou diante da história dela e passou a vê-la com olhos mais compadecidos. E isso pode ser constatado nos comentários do video dela no Youtube, que antes do programa beiravam a ofensa e depois - no mesmo dia, inclusive -, se tornaram amáveis e solidários.

São dois exemplos dentro de uma infinidade. Mas são as provas de que precisamos começar a limpar os olhos pro mundo, precisamos nos dar ao trabalho de conhecer antes de firmar um julgamento. E por mais que esse discurso pareça um clichê, a cada dia que passa ele se faz mais e mais necessário.

Até.

2 comentários:

Gustavo disse...

As pessoas são muito mais do que os olhos podem ver.

Lays disse...

É... no Michael eu sempre acreditei, mas confesso que a Stefhany eu zoava, hoje sou fã!