domingo, 21 de junho de 2009

Observações em um Hospital.

Então né... sem foto hoje, porque a única foto que eu tenho dos últimos 4 dias é a de meu pai sendo preparado pra ir pro centro cirúrgico - e eu, obviamente, não vou publicar isso. Mas vim aqui compartilhar com meus 2 ou 3 leitores as observações e as reflexões que 4 dias de inércia cognitiva no Hospital da Bahia me proporcionaram. Quase epifanias e pans, porque eu sou conivente com a teoria de que a gente deve extrair aprendizado de tudo o que acontece em nossas vidas.

Hospital é meio que sinônimo de uma resignação e MUITA humildade, sobretudo pra quem está internado. É estar lá submisso a tudo, a outras pessoas, é estar num estado de dependência que deve ser absurdamente desagradável. É sentir dor e precisar que alguém chame uma outra pessoa, que pode ou não resolver. É precisar de ajuda pra tomar um banho, ir ao banheiro, vestir uma roupa. É depender de alguém pra te alimentar, ligar uma televisão, abrir uma cortina. É precisar de alguém pra dar uma simples caminhada no corredor do hospital, empurrando o treco que segura o soro e vestindo aquele pijama horrivel que deixa a bunda aparecendo - e TER QUE ACEITAR que andar com a bunda aparecendo naquele ambiente é algo normal. É ver uma pessoa alheia invadir seu quarto sem nem bater na porta, abaixar seu lençol, levantar sua roupa e apalpar seu corpo pra fazer exames. É um conformismo forçado, uma aceitação imposta de que estar ali é o único jeito e se privar de tudo é parte do processo. É valorizar coisas simples, como um vento, ver o movimento da rua 5 minutos ou um pouco de sol - o Hospital da Bahia é quase um Ziploc, hermeticamente fechado. E com isso eu concluí que sou muito orgulhosa/independente/chata pra um dia me internar e aceitar que façam tudo por mim.

Também pensei na efetividade de uma enfermeira. Me desculpem os médicos, mas não acho que enfermeiros mereçam menos respeito que vocês. É incrível como a gente tende naturalmente a colocar um médico num pedestal semi-santificado e o enfermeiro numa posição desmerecida - e ambos estudaram quase o mesmo período de tempo pra exercer suas funções. Quase não vi médicos nesses 4 dias, e se via, eram visitas de menos de 5 minutos. As pinimbas eram resolvidas pelas enfermeiras, as informações eram dadas pelas enfermeiras, quem ouvia os sintomas inesperados às 2h da manhã eram as enfermeiras. Dica: adorem enfermeiras se por acaso vocês passarem algum tempo no hospital. E tratem-nas melhor do que os médicos. Elas merecem.

A conclusão mais evidente, contundente, efusiva e drástica EVER: quero um carro com porta-copos DECENTE. Passei os ultimos dias me alimentando de drive-thru e o porta-copos do carro do meu pai - o qual ficou deliciosamente sob o meu poder nesse período - é sedutor! O do meu é MUITO meia-boca, não segura nem copinho de café de 50ml. Meta pra 2010: Carro com porta-copos sedutor, volante robusto, vidro elétrico e suspensão alta. Viciei.

Se eu lembrar de mais coisa, dou update. Mas o fato é que agora estou com fome/sono, e como meu pai teve alta, hoje vou desligar o celular e amanhã só acordo meio-dia.

***Obrigada especial aos vários amigos lindos que foram lá no hospital me visitar, me ligaram toda hora, enfim.. estiveram comigo nesses dias chatos! Vocês são delicinhas demais, demais, demais e fizeram meus momentos lá muito felizes!

Bjos...

3 comentários:

CL disse...

Eu ainda não tive que ficar tanto tempo no hospital. mas imagino que não seja nada legal.

Que bom que seu pai foi liberado =)
Bjão, e uma otima recuperação pra ele.

Anônimo disse...

Quase epifanias e pans, porque eu sou conivente com a teoria de que a gente deve extrair aprendizado de tudo o que acontece em nossas vidas....
Concordo com vc delicinha minha...Toda evz que acompanho minha mãe nas sessões de hemodialise,fico questionando tudo...absolutamente tudo e quem sempre responde são os enfermeiros,que depois de 03 anos de dialises,são parte da familia da minha mãe.....E como minha ficha demora a cair fico pensando por dias e dias,as vezes semanas o que tenho que aprender com essas situações..... Definitivamente hospitais são locais para antes de quqleur coisa levar o acompanhante a refletir...
Acho que não fui exata....mas por falta de palavras....fica assim

TE ADORO VIU ???

Melhoras para seu papi.

Bjussssssssss

Lays disse...

MAN, que babado foi esse menina?!
Espero que tio Gugu esteja bem, quero nem lembrar do tempo de papai em hospitais :/
beijo