terça-feira, 14 de abril de 2009

Sensibilidade, onde vende?


O mundo tá precisando de um pouquinho mais de ternura. Sério. Pode parecer um discurso piegas e sentimentalista, mas eu estou ficando assustada com a capacidade das pessoas em serem tão insensíveis - e em alguns momentos, tão intratáveis. E por sensibilidade eu vou além do fato de saber cheirar uma rosa e achá-la maravilhosa, vou além do sentir um pôr-do-sol... quando eu falo em sensibilidade, me refiro ao tratamento humano-a-humano.

Existe um déficit preocupante no interesse pelo outro. Não importa o que ele sente, não importa o que ele transmite, não importa o que ele está passando. Parece que se fechar na própria individualidade tornou-se artifício comum a todo mundo, porque se incomodar com a dor e o mal estar do outro representa puxar pra si algo que não lhe pertence, representa o surgimento de rugas que não são suas. Existe nas relações humanas um buraco, um vazio, uma inversão de valores em que o respeito e a individualidade do outro passam a ser permeados por quesitos que nada tem a ver com a sua concepção como ser subjetivo, pensante, sensitivo. Os valores agregados às relações tem sido pautados nos interesses, de todo e qualquer tipo: dinheiro, sexo, companhia, aporte emocional, contatos, etc etc etc. Essas discrepâncias fazem todo mundo esquecer que, por exemplo, o faxineiro do seu prédio é tão humano quanto você - sente dores, faz xixi e cocô, tem vínculos afetivos, come, dorme, sofre e ri. E esse esquecimento dá a ele uma invisibilidade quase que mágica, tornando-o apenas alguém com quem você se relaciona só e unicamente para uma troca de interesses momentânea do tipo "Oi, vc pode lavar meu carro hoje?". O "bom dia, tudo bem com você?" inexiste, uma vez que ele nada pode te oferecer além de um polimento no seu veículo.

Falta humildade. Falta sensibilidade. Falta humanidade. Falta respeito. Sobram individualidade, imparcialidade, indiferença. Falta solidez nas relações e consideração ao que se sente. Falta uma capacidade de ouvir, detonada pela necessidade de apenas se fazer ouvido. Falta uma quebra de preconceitos, uma interiorização do conceito de igualdade. Há uma necessidade extrema de começar a se prestar atenção no outro, porque um dia precisaremos que esse outro nos dê sua atenção.

Por isso, amiguinhos... cumprimentem, escutem, agradeçam, sorriam, se façam presentes, prestem atenção. Não se abstenham e não se prendam a pensamentos do tipo "Desculpaê, sua vida é problema seu", ou "Tá triste? Não entendo...". Enxerguem o outro, ao invés de apenas o verem. Vocês não sabem quantas vidas a gente pode melhorar com esses pequenos gestos.

Vão além. Em tudo, sempre.

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