quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ridículo...

Hoje eu estava na paz de Jesus, dirigindo meu veículo levemente danificado, indo pra faculdade umas 6:45h da manhã. Quando estou descendo a Garibaldi - sentido Lucaia - e paro no sinal, vejo nada menos que um outdoor... parei pra olhar e vi uma imagem de uma agenda de celular em que o nome "Amorzinho" estava marcado e acompanhado de um "excluir 'Amorzinho'?", mais ou menos como quando todo mero mortal quer deletar um contato e o celular pergunta antes de apagar. Bla Bla. Quando olhei o entorno, vi que se tratava do outdoor da Banda Eva, anunciando o carnaval 2009... deve ter uma frase, mas se tinha, não encontrei.

Metaforizando o outdoor, você conclui que o cara/mulher/algoqueovalha está "excluindo" ou "jogando fora" um amor pra pegar 500.000 embaixo do trio do Eva. Beleza! Com todo o respeito à banda, que eu acho joinha, e à Saulo, que eu acho uma gracinha, achei esse anúncio de um mau gosto e de uma grosseria infinitos. Tipo, "oooi, estou no carnaval de Salvador e preciso de namorada pra quê? Beijobaranganãomeligamaisnãoqueeutôsoltoevoubeijar2.250!" Aquilo pra mim soou como a representação não só do vazio humano, como também da comercialização do carnaval daqui como sendo uma orgia popular e ilimitada, em que as pessoas comparecem iludidas por uma promessa vendida de libertinagem e diversão que elas, durante os outros 359 dias do ano, não podem ter.

Me soa desesperador ver esse tipo de outdoor, porque ele representa como nós estamos sozinhos e precisando de paliativos torpes e líquidos pra que essa solidão não nos degrade - ainda que esse paliativo seja com uma pessoa a qual vc nunca viu e provavelmente nunca mais vai ver. Me soa desesperador imaginar que, da mesma forma que partiu da cabeça de alguém a idéia desse outdoor, parte da cabeça de várias outras pessoas a idéia de jogar fora o amorzinho pra "aproveitar" 6 ou 7 dias de uma pornografia generalizada, que é muito mais um festival de infla-ego/soma-números/troca-fluidos, do que uma festa em si. Me soa desesperador constatar que esse tipo de anúncio é o que vende os produtos a que se destina vender, porque, por mais vazio que seja, gera as influências a que se propõe gerar. Me soa desesperador ver que a minha cidade, que cultuava uma bagagem de cultura no carnaval do meu tempo, a cada ano que passa se deixa vender (E FAZ QUESTÃO DE SE VENDER) por menos do que vale - camarotes, blocos, beijos e sexo.

Sou velha. Tenho 22 anos, mas sou velha. Recalcada, sei lá. Já vi e já participei de muitos, mas MUITOS carnavais... mas de uns 5 anos pra cá, tenho feito o que todo bom soteropolitano ajuizado e velho que mora na zona da folia faz: eu fujo daqui. E ano que vem não será diferente... não tenho energia pra ver tanta degradação - humana, sentimental e municipal - junta.

Bjos...

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